sexta-feira, 8 de março de 2013

1º CÍRCULO BÍBLICO

Cantando e dançando se faz teologia (Ex 15,1-21)


    - Leitura da vida

       Há muitas situações de escravidão e dominação hoje em dia, tanto no campo como na cidade. Pessoas e grupos ficam paralisados, sem iniciativa e não conseguem vislumbrar e gerar alternativas para saírem destas situações. Muitas vezes são as mulheres que inventam pequenas saídas para solucionar problemas do dia-a-dia e levar adiante a caminhada familiar e comunitária.

       Perguntas que nos ajudam a interpretar a vida

1)      Quais as situações de dominação e exploração que vocês conhecem?
2)      Que alternativas vocês estão encontrando para sair dessa situação?

O texto sobre o qual vamos meditar hoje é um dos fragmentos mais antigos da Bíblia. Este texto nos apresenta a letra de um hino sobre a ação libertadora de Deus, que tira da escravidão um grupo de sofredores. A fé no Deus que escuta o grito dos oprimidos (Ex 22,25) é uma força muito grande para a comunidade poder persistir na caminhada, sem desanimar. O canto que vamos ler, agora, demonstra a espiritualidade alegre e confiante do povo que fez a travessia da escravidão para a liberdade. A experiência da libertação ajuda a perceber Deus dentro de si mesmo, inspirando e iluminando a caminhada conjunta: “Deus é a minha força e o meu canto” (15,12). Vamos ouvir o texto bíblico e prestar atenção nas ações de Deus e nos sentimentos e nas ações do povo que saiu do Egito e fez a travessia do mar.

3 - Leitura de Êxodo 15, 1-21

       Perguntas que nos ajudam a interpretar a vida e a Bíblia

1)      O que chama sua atenção neste texto?
2)      Quais as ações de Deus para libertar o seu povo?
3)      Quais os sentimentos do povo que transparecem neste hino e quais as ações que o povo realiza para demonstrar estes sentimentos?
4)      Quais as experiências de superação que você já vivenciou e como estas experiências fortalecem sua caminhada?



4 - Momento orante

      Preces espontâneas
      Compromisso e oração do Pai-Nosso de mãos dadas
      Abraço da paz
      Canto

5 Organização do próximo encontro

    Local e data
    Texto e tema
    Responsáveis pela preparação


Ampliando

                       De pés no chão, mulheres interpretam e celebram a ação libertadora de Deus
     
      Depois da passagem do mar vermelho (Ex 14), encontramos Miriam liderando uma celebração do acontecimento que marcou definitivamente a história do povo da Bíblia. Junto com as mulheres ela canta e dança a vitória contra os que escravizavam o seu povo, fazendo uma interpretação teológica do triunfo sobre o exército do faraó, da saída do Egito, à conquista da libertação do cativeiro.

      Com um instrumento na mão e o corpo em graciosos movimentos, ela desperta a comunidade para olhar de maneira nova os fatos acontecidos, mostrando a presença libertadora de Deus no meio de seu povo em marcha. Nem a coragem e a ousadia de Moisés, nem as estratégias de guerra que ele aprendeu na escola do faraó foram a razão da vitória. Foi o braço do Senhor que defendeu aquele grupo de escravos e transformou suas vidas. Em vez de escravos, tornaram-se um grupo autônomo, desafiado a fazer caminho e a construir uma nova história. Assim, Miriam torna-se uma teóloga que interpreta a experiência feita e desvela o que está por trás dos acontecimentos. Mostra quem está conduzindo a comunidade e confirma a importância de ousar seguir em frente, avançando em direção à liberdade oferecida por Deus.

      Profetisa, ela mostra que não basta atravessar o Mar Vermelho, não basta sair da escravidão do Egito (Ex 3,7;14,30) para uma terra onde corre leite e mel (Ex 3,8.17) mas é preciso construir um futuro inédito. Ela anima o povo a avançar por uma terra desértica sem caminhos definidos, na certeza do poder de Deus e no envolvimento comprometido e ousado em um projeto de autonomia e vida boa para todos.

      Somente esta certeza de que Deus está no meio da comunidade pode gerar a coragem e a ousadia de seguir em frente, até conquistar a autonomia e a liberdade que sonham. Ao celebrar o poder do Senhor, dançando com suas companheiras de caminhada, ela está afirmando que a única garantia para avançar na caminhada e tecer uma história testemunhal, é a entrega ativa e criativa nas mãos de Deus.

      A dança de Miriam tornar-se-á uma prática das mulheres bíblicas (Jz 11,32-34; ISm 18,6-7; 21,12; 29,5; Jt 15,12-14; 16,1-17). Ao fazer memória das mulheres bíblicas que mantiveram a identidade do seu povo, levando-o a ter um novo olhar sobre os acontecimentos que marcaram sua história, trago uma luz para ver de perto a caminhada do povo de Deus, hoje. Pergunto-me pelo espaço efetivo e criativo das mulheres nesta caminhada. Elas têm testemunhado sua fé e doação ao serviço do Reino de Deus, no cotidiano das famílias e comunidades. A ação das mulheres nas Igrejas Cristãs, apesar da discriminação e da invisibilidade delas na igreja institucional, torna-se uma falta atual, profunda e desconcertante sobre a presença atuante de Deus, hoje, agindo na história sempre a partir dos pequenos. 
Por Pe. Inácio Henrique.

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