- Leitura da vida
Há muitas situações de escravidão e
dominação hoje em dia, tanto no campo como na cidade. Pessoas e grupos ficam
paralisados, sem iniciativa e não conseguem vislumbrar e gerar alternativas
para saírem destas situações. Muitas vezes são as mulheres que inventam
pequenas saídas para solucionar problemas do dia-a-dia e levar adiante a caminhada
familiar e comunitária.
Perguntas
que nos ajudam a interpretar a vida
1)
Quais as situações de dominação e exploração que
vocês conhecem?
2)
Que alternativas vocês estão encontrando para
sair dessa situação?
O texto sobre o qual vamos
meditar hoje é um dos fragmentos mais antigos da Bíblia. Este texto nos
apresenta a letra de um hino sobre a ação libertadora de Deus, que tira da
escravidão um grupo de sofredores. A fé no Deus que escuta o grito dos
oprimidos (Ex 22,25) é uma força muito grande para a comunidade poder persistir
na caminhada, sem desanimar. O canto que vamos ler, agora, demonstra a
espiritualidade alegre e confiante do povo que fez a travessia da escravidão
para a liberdade. A experiência da libertação ajuda a perceber Deus dentro de
si mesmo, inspirando e iluminando a caminhada conjunta: “Deus é a minha força e
o meu canto” (15,12). Vamos ouvir o texto bíblico e prestar atenção nas ações
de Deus e nos sentimentos e nas ações do povo que saiu do Egito e fez a
travessia do mar.
3 - Leitura de Êxodo 15, 1-21
Perguntas
que nos ajudam a interpretar a vida e a Bíblia
1)
O que chama sua atenção neste texto?
2)
Quais as ações de Deus para libertar o seu povo?
3)
Quais os sentimentos do povo que transparecem
neste hino e quais as ações que o povo realiza para demonstrar estes
sentimentos?
4)
Quais as experiências de superação que você já
vivenciou e como estas experiências fortalecem sua caminhada?
4 - Momento orante
Preces espontâneas
Compromisso e oração do Pai-Nosso de mãos
dadas
Abraço da paz
5 Organização do próximo encontro
Local e data
Texto e tema
Responsáveis pela preparação
Ampliando
De pés no chão,
mulheres interpretam e celebram a ação libertadora de Deus
Depois da passagem do mar vermelho (Ex
14), encontramos Miriam liderando uma celebração do acontecimento que marcou
definitivamente a história do povo da Bíblia. Junto com as mulheres ela canta e
dança a vitória contra os que escravizavam o seu povo, fazendo uma
interpretação teológica do triunfo sobre o exército do faraó, da saída do
Egito, à conquista da libertação do cativeiro.
Com um instrumento na mão e o corpo em
graciosos movimentos, ela desperta a comunidade para olhar de maneira nova os
fatos acontecidos, mostrando a presença libertadora de Deus no meio de seu povo
em marcha. Nem a coragem e a ousadia de Moisés, nem as estratégias de guerra
que ele aprendeu na escola do faraó foram a razão da vitória. Foi o braço do
Senhor que defendeu aquele grupo de escravos e transformou suas vidas. Em vez
de escravos, tornaram-se um grupo autônomo, desafiado a fazer caminho e a
construir uma nova história. Assim, Miriam torna-se uma teóloga que interpreta
a experiência feita e desvela o que está por trás dos acontecimentos. Mostra
quem está conduzindo a comunidade e confirma a importância de ousar seguir em
frente, avançando em direção à liberdade oferecida por Deus.
Profetisa, ela mostra que não basta
atravessar o Mar Vermelho, não basta sair da escravidão do Egito (Ex 3,7;14,30)
para uma terra onde corre leite e mel (Ex 3,8.17) mas é preciso construir um
futuro inédito. Ela anima o povo a avançar por uma terra desértica sem caminhos
definidos, na certeza do poder de Deus e no envolvimento comprometido e ousado
em um projeto de autonomia e vida boa para todos.
Somente esta certeza de que Deus está no
meio da comunidade pode gerar a coragem e a ousadia de seguir em frente, até
conquistar a autonomia e a liberdade que sonham. Ao celebrar o poder do Senhor,
dançando com suas companheiras de caminhada, ela está afirmando que a única
garantia para avançar na caminhada e tecer uma história testemunhal, é a entrega
ativa e criativa nas mãos de Deus.
A dança de Miriam tornar-se-á uma prática
das mulheres bíblicas (Jz 11,32-34; ISm 18,6-7; 21,12; 29,5; Jt 15,12-14;
16,1-17). Ao fazer memória das mulheres bíblicas que mantiveram a identidade do
seu povo, levando-o a ter um novo olhar sobre os acontecimentos que marcaram
sua história, trago uma luz para ver de perto a caminhada do povo de Deus,
hoje. Pergunto-me pelo espaço efetivo e criativo das mulheres nesta caminhada.
Elas têm testemunhado sua fé e doação ao serviço do Reino de Deus, no cotidiano
das famílias e comunidades. A ação das mulheres nas Igrejas Cristãs, apesar da
discriminação e da invisibilidade delas na igreja institucional, torna-se uma
falta atual, profunda e desconcertante sobre a presença atuante de Deus, hoje,
agindo na história sempre a partir dos pequenos.
Por Pe. Inácio Henrique.
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